terça-feira, 31 de maio de 2011

Terna é noite - F.Scott Fitzgerald

[Re-sublinho que os livros são apenas os pontos de partida para a minha divagação. Não procurem no livro o que vos conto dele, procurem-se.]


Existem pessoas que têm dentro delas uma tal verdade que ninguém lhes consegue passar pela vida, sem se lembrarem delas para sempre. Dick é esse herói em “Terna é a noite”. Um homem quase perfeito, que têm uma mulher quase perfeita… mas a sua vida não é, mesmo que pareça, perfeita. Esse homem adorado por todos, um dia passa o limiar dos seus próprios valores e tudo o que antes ele podia controlar, perde a orientação. Quando um homem passa por cima dos seus próprios valores, pouca coisa continua a importar. O que somos nós sem podermos confiar no que somos? Lançamento num abismo onde são sucessivas as asneiras, as desculpas, a culpas nos outros, a cegueira voluntária.

Existe uma espécie de corda suspensa onde as pessoas que se querem conhecer, caminham, o desequilíbrio está eminente, a qualquer momento o pé falha e vê-se então um lado negro, negro demais, para que as forças que nos trazem à superfície consigam esquecê-lo rapidamente. Alguns equilibram-se no momento exactamente antes do suicídio…outros acabam por cair e muitos anos passam até regressarem, se regressarem.

Mas, quando uma multidão nos continua olhar, erroneamente ou não, como antigo ou actual exemplo a seguir, aos poucos e poucos podemos convencer-nos de que é possível voltar a caminhar lá no alto. A confiança recupera-se, com ajuda. O orgulho destrói os caminhos. Se há alguém, que respeitamos e acredita incansavelmente em nós, é porque existem motivos para tal. Erra-se, mas a essência fica e um dia, com vontade e fugindo ao orgulho de querer fazer tudo sozinho, em silêncio, voltar-se-á a ser e por ser, fascina.

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